O gosto fermetado terminou de acordá-lo. A aparência não entregava, visto que tudo estava fechado e ele estava em uma escuridão só, mas o relógio acusava as 16h da tarde. Algustus descobrira pela prática o quanto o álcool resseca o corpo, atravessando a casa cambaleante atraz de água. Viu que aquela morrinha só passaria com um belo banho. Dessa vez uma ducha fria. A respiração e os batimentos aceleravam mais. A água que escorria pelo seu corpo, trazia as lembranças da noite passada, de como havia entrado na boate, da sensação do drink de Loius nas costas... Loius... "será que ele vai ligar?". Essa dúvida não chegou a perturba-lo, mas renderam longos minutos de água pelo ralo.
Enrrolado a toalha na cintura, com os cabelos molhados desceu até a cozinha. Já havia repudiado oficilamente a comida congelada, mas esse era um caso raro, visto que era nele que o estômago insistia em fazer-se presente.
Sentado no sofá com as pernas abertas, Algustus sorriu adimitindo que a fantasia garal dos homens é comer sem roupa assistindo televisão.
Após a refeição não tão saudável, lembrara subtamente que Cassandra poderia ligar, então subiu as escadas para pegar o seu celular. Na volta. o colocou sob a mesa e deitou-se no sofá agora assistindo um documentário sobre a mitologia grega. Algustus gostava muito das histórias, a complexidade das histórias o faziam crer que aquilo existiu um dia. "Segundo a mitologia grega, as almas gêmeas existiam desde os tempos em que Vênus e Eros criaram o amor e a harmonia.
Tudo começou no Olimpo ha muitos milênios atrás, quando a civilização era habitada por seres míticos, que possuiam quatro braços, quatro pernas, duas cabeças, dois troncos, sendo um feminino e outro masculino, masculino e masculino, feminino e feminino, mas com apenas uma alma, rica em harmonia e amor.
Os Deuses, com inveja da "sintonia" entre almas dos míticos, ficaram enfurecidos e assim começou uma grande batalha. Utilizaram como armas uma duradoura chuva com trovões e relâmpagos. Vênus e Eros tentaram impedir esta guerra, mas não obtiveram sucesso. Os relâmpagos atingiam os seres de uma forma brutal, separando os corpos em dois e também suas almas ao meio.
Nesta confusão, estes corpos foram arrastados pelas águas, e assim se perderam uns dos outros, ficando sozinhos mas sobrevivendo. Foram dois dias e duas noites de fúria dos deuses, e ao término da batalha, cada ser separado iniciou a busca de sua outra metade, a sua "Alma Gêmea".
O intervalo o possibilitou de mudar a posição da cabeça. Olhava distante ao pensar no que ele ouviu. Pensava como o mundo seria mais simples se as pessoas entendessem. Pensava enquanto seu olhos lentamente iam se fechando...
Um zumbido tornava-se frequente até conseguir despertar Algustus que dormia...
Se deu conta de que era o celular poucos segundos antes da ligação se perder...
Tomou o celular meio que sem vontade, pensando que fosse Cassandra. Uma voz grave do outro lado da linha.
-Algustus?
-Sim.
-Ser Louis. Como está? Encomodo?
-Não, não... tô bem... e você?
-Bem, você estava dormindo?
-Tava, não. Tava só cochilando. Pensei que não ias ligar.
-Só estava bêbado. Podemos sair hoje? Não conheço a cidade direiro.
-Eu também não Louis...
-Ótimo, serão dois com em único golpe. As nove?
-Estarei pronto.
-Au revoir.
-Tchau.
Deito-se novamente. Aquilo tudo estava sendo novo, quer dizer, Algustus era tímido mas era sociável, falava, comprimentava todos quando necessário e tinha uma amizade com Fábio e Diogo, mas sair pela noite e fazer uma amizade tão expontânea assim lhe causava um pouco de frio na barriga. E isso era bom. Era um fim de tarde mas era de um verão... o calor o fizera suar. Passava a mão no peito úmido enquanto olhava as suas pernas, a toalha já não cobria mais nada.
Olhava seu corpo nú. Algustus já havia tido o seu primeiro beijo, com a prima de Diogo aos 14 anos, mas ainda era virgem.
Nessa besteira de cochilo e de sonhar acordado já se passaram algumas horas e num súbto despertar Algustus subiu para tomar um banho e se trocar.
Louis era parisiense. Tinha 18 anos e fazia faculdade de jornalismo. Era um loiro de um metro e oitenta e cinco de altura. Um corpo moldado pela diária hipertrofia provocada pelas horas na academia. Tinha olhos de um verde como vidro corado, com alguns raios cor de mel, como um crisântemo com as pétalas mais longas e finas. Sua barba vinha até o pescoço e era de um ruivo gracioso. Por isso a mantinha cerrada ou bem feita. Seu nariz era aquilino. Em uma pensão, com o supervisor de seu curso e mais vinte alunos, Loius estava hospedado. Havia tido sorte pois Marrice e Claude puderam vir nesse intercâmbio com ele. Eram inseparáveis. Não amigos, cúmplices, Marrice deixava isso bem claro. Sempre riam disso.
Louis não havia dito que o supervisor havia deixado claro que se eles saisses, teriam de voltar antes da meia-noite. Ele faria como na noite passada, pediria cobertura para uma das camareiras que não via como dizer não a aqueles belos rapazes, um loiro, outro com cabelos negros e um com a pela amorenada, todos europeus.
As 21h Louis ligou para Algustus e eles se encontraram então na praça central da cidade. Estava tudo movimentado, lembrando de que era a noite de um sábado. Foram feitas as apresentações, risos a parte. Como Algustus também não conhecia a noite, resolveu pedia ajuda novamente a Carlos, o motorista da noite passada.
-15 minutos. Tudo bem?
-Claro.
Trocados alguns olhares, Marrice e Claude foram procurar cigarros. Logo perto havia um daqueles bancos de praça perto de um poste com a luz desligada. Como só o que iluminava era a meia luz dos postes próximos, tudo se resumia a uma leve penumbra. Quase de tom sépia.
Sentados, Louis e Algustus, o último olhou para o lado depois de um tempo, e viu sendo olhado fixamente.
-O que foi, meu rosto está sujo?
-Não, Algustus, apesar da pouca luz, o teu rosto tem uma claridade própria. Seria impossível de tirar uma foto legivel agora aqui, mas posso ver cada sombreado do teu rosto... Desculpas, faço jornalismo e aprendi a desenvolver o meu senso crítico.
Algustus ficara tímido.
-Pelo menos foi uma crítica boa.
Um singelo sorriso.
-Pensei que tivesse de dar bebida a você para que pudesse ver novamente o teu sorriso.
O sorriso se abriu de vez.
-Amanhã você estará ocupado?
-Não. não. Tô de férias.
-Ótimo. Preciso que me leve ao seu lugar predileto. Quero tirar umas fotos.
-Como sabes se tenho um lugar assim?
-Sinseridade...(então Loius aproximou o rosto do de Algustus de modo que o último mantesse um movimento quase vibratório de seus olhos em direção a sua boca e aos seus olhos o deixando em uma dúvida insuportável...) alguém com um sorriso dessa beleza pode ter qualquer coisa, e não me adimiraria se tivesse um mundo só seu.
Algustus virou o rosto envergonhado. Seu coração batia tão forte que não disfarçou a mão no peito para tentar abafar o barulho que para ele era ensurdecedor.
-Tem um lugar que gosto de ir, fica em uma...
Então Louis pôs na frente dos lábios de algustus, quase tocando, seus dois dedos... A respiração de algustus era quente...
-Não diga. Confio em você.
Claude gritou e então os dois se levantaram rumo ao carro. Pensava em tudo o que havia acontecido. Isso agora começava a perturba-lo. Estava tudo sendo muito intenso, como o mês de outubro era para ele. Pensava em ir embora
-Você quer?
Louis havia lhe oferecido pastinhas. Ele aceitou e pôs na boca.
Olhou para Louis que logo lhe respondeu com um sorriso. As balas eram cítricas, pra ser mais preciso, de laranjas. Se esse era um tipo de sinal para que ele não fosse, havia funcionado.
Algustus fora na frente. Conversaram e resolveram ir para um bar até que pudesse ser tarde o bastante para se ir a uma boate. Louis queria dançar novamente.
Na mesa para quatro, uma rodada de tequila para celar as surpresas da vida.
Descia rasgando em Algustus, e todos riram ao vê-lo se abanar por efeito do 1° estágio da bebida. Ficara sem graça, então Louis pusera o braço em seus ombros.
-Está tudo bem.
Se era a bebida ou não, não importava. Se sentia protegido. A sensação calorosa que os três e o próprio ambiente lhe causava era boa demais para ser desperdiçada por medos de incertezas.
O bar Lumina trazia uma decoração diferenciada. Em vez de luzes no teto, cada mesa (de muitas) tinha uma própria luminária em forma de bola que emanava uma fuz fosca, que pendia de longos fios que vinham do teto. As luminárias ficavam a um metro da mesa, dando calor ao clima na mesa, fazendo Algustus se soltar.
A fumaça iluminada e Portishead em surround envolviam a mesa. Podia-se imaginar muitas coisas, assitindo ao balé que a brisa a obrigava dançar. Algustus não gostava de cigarros, na verdade não gostava dos de Cassandra, o qual cada baforada vinha carregada de tudo, menos de coisas boas; bem diferente daquela fumaça na mesa, que trazia calor, risos e mais risos.
Na brincadeira de cada um falar um pouco de si, Claude e Marrice se puseram a frente da responsabilidade de apresentar Algustus a sua própria cidade.
-Acredite Algustus, não é uma de minhas van filosofias alcoólicas...
-Acredite Algustus, ele é bom nessa última ciência...
Louis o interrompeu dando pausa para gargalhadas...
-Enfim... costumo dizer que o dia tem suas belezas, mas se prestares atenção, a luz que nos ilumina é tão distante... traz histórias tristes daqueles que tentaram alcança-la... já a noite (Claude tocou a iluminária com a mão) ela se faz presente e tão próxima como se quisesse ser tocada...
Marrice puxou palmas e no fim todos riram.
Uma, duas três horas se passaram. Podiam até ficar ali, mas tinha-se muito a acontecer. Palavras de Louis depois de olhar Marrice, Claude e por fim Algustus.