quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Aqui jaz parte de mim.


A minha meta era continuar a escrever ineterruptamente o meu romance. Digo um romance porque não sei mesmo quantos capítulos terá. Mas o que em minha vida que eu continuo? Tudo em mim é interminável. Enfim, não caindo muito para a auto-difamação, o motivo real desse post é o tal saudosismo que estou tendo. Criei esse blog por 2 motivos, o 1º por minha melhor amiga ter pedido a mim, e o segundo, por eu estar morando só em outra cidade, então como forma de desabafo, escreveria aqui. Funcionou bastante. Eram e são crônicas verdadeiras e cotidianas. Escrevo para desabafar, não com a esperança de que leiam isso e me mandem uma sugestão ou um elogio. Na verdade me sinto mais confortável assim.
Depois de 10 meses morando só em outra cidade, por motivos financeiros(coloco a culpa neles para ressaltar a minha enorme vontade de ficar aqui), retorno a Macapá. É incrível, eu não consigo, ou não me permito por isso na cabeça, e exatamente nessa madrugada, depois de tomar mais de 7 comprimidos para corisa e febre, não consigo imaginar passando o fim de semana, ou um feriado prolongado, ou sem minhas caminhadas de sexta-feira pela Marquês de Herval.
Tanta coisa simples eu fazia que vão ficar guardadas em mim como tesouros. A ingênua sensação de morar só, de ser responsável será a chave do baú onde guardarei todas essas lembranças.
Pra mim, saudades são o tipo de sentimentos mais sinceros que o próprio amor. Não dá para serem ocultados, ou fingidos... você simplesmente se pega triste, e depois de imaginar todo o imaginável, se dá conta da última opção. Saudades.
A experiência de ter morado só me fez crescer, me sinto mais centrado por saber como sou e o que quero. E descobri que quero viver a minha vida. Não sou aquele tipo de carinha de amizades espontâneas, minha timidez não permite que eu sorria para as paredes, mas sou sociável, e as pessoas que conheço, geralmente não perdem o contato comigo. Hoje tive uma surpresa, depois de ter acordado da minha febre, resolvi ir a farmácia. Ao abrir a porta, um bilhete cai aos meus pés, um amigo havia supostamente vindo me visitar, mas como supostamente eu não estava, ele deixou o bilhete. Não nos falamos há mais de 3 meses, mas ele se lembrou de mim. Pra mim despedidas são como morte. Já vi muito em filmes, e presenciar... uma ou duas vezes. A comparação se deve pela coincidência das pessoas. Amigos, familiares e até ex-namorados reaparecem do nada para uma simples visitinha. Ligações e mensagens mandado lembranças... essas coisas.
No fundo sei que a culpa foi minha. Sim. Eu poderia sim continuar aqui, mas eu não consigo mais persistir, insistir... sozinho é mais difícil, e eu admito isso não como um perdedor, mas um carinha que tentou e conseguiu um dos maiores presentes que a vida poderia ter dado aos seus poucos 18 anos, o reconhecimento não dos outros, mas da família, que já me tem como membro adulto.
Enfim, pensei em fazer uma crônica bem criativa, ressaltando o que mais sentiria falta aqui, mas saudades e os remédios me deixaram seco. Saudades de Belém e da anika, que há anos não mais nos falamos.
Aqui me despeço como o blog de um carinha de 18 anos, morando só em Belém do Pará. Ficarei um tempo sem postar pois terei de cuidar da mudança e também mais um fim de ano me preparando psicologicamente para o vestibular. O que me anima, é que pelo menos vou viajar em janeiro e em julho. Aproveitando o assunto, sorte pro Arnon.


HuG

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

V

Tentar enxergar a tal linha imaginária tornava o andar mais complicado ainda. Uma tequila para cada e cervejas(sabe-se lá quantas) até a hora de sair tinham batizado a todos... Resolveram não pedir a ajuda de Carlos e tomaram um táxi qualquer... Pararam em frente a boate da noite passada, mas resolveram seguir.
-Topa seguir-nos, Algustus?
- com vocês!
Talvez Louis tenha escutado o que tanto queria ouvir... Pelo menos o sorriso daquela hora demonstrava isso...
Sussurrou algo ao pé do ouvido do motorista e o táxi mudou de rumo, mas indo a um destino certo.
Enfim parado... passou por vários carros estacionados... Levaram quinze minutos para chegaram na frente da boate. A filá tripla já estava virando quádrupla.
Marrice e Claude não deixaram Algustus sequer tirar a carteira...
Na frente da boate sem nome... quer dizer, havia uma sigla de três letras. Devia ser boa, pois havia muitas pessoas em frente, todas olhando os quatro rapazes com muita atenção.
Marrice cochichou para Loius que logo disse para ele não se preocupar...
O assunto era que logo a frente, estavam pedindo identificação, e Algustus era o único que era de menor idade.
Marrice, Claude; Loius comprou duas entradas. Até ai tudo bem...
Na hora de entrar, ao pé do ouvido de Algustus, Louis disse;
-Confia em mim?
-Claro... porque a pergunta?
-Nunca faria nada pra te fazer mal...
Dito isso, a vez de Algustus entrar... fora pedido documentos, o então porre parece ter sumido de repente
"droga, será que vou estragar a noite dos meninos... porra..."
Antes da ação, um aperto de leve na cintura de Algustus...
-Ele está comigo!
Louis disse o agarrando pela cintura e o trazendo para perto de si.
Já não se sentia confortável... quer dizer, sabia que aquela tática era para desviar a atenção do segurança e então não pedir a documentação de Algustus... mas pelo fato dos fatos passados...
passados não... fatos recentes, Algustus já não tinha certeza das intenções daquela situação...
E a essas horas... o álcool já havia evaporado por suspiros profundos e suor gelado.
-Sua documentação senhor( dito a Louis)
-Aqui...
Depois disso, dentro da boate os dois esperavam por Algustus e Louis.
Louis não parecia e estar bem.
Era para Algustus estar aparentando algo de diferente, mas se sentiu na orbrigação de perguntar.
-O que houve?
-Algustus me desculpe... eu pude sentir o quanto você ficou desconcertado com a minha atitude... a última coisa que eu queria era deixar-te constrangido...
-Ta tudo bem.
E então sorriu para Louis.
-Mesmo? Olha, se você não quiser mais a minha amizade, eu vou entender...
-Vocês de Paris são sempre assim tão... tão...
As palavras faltaram, mas sorrisos as substituíram no momento certo.
-Vamos dançar.
Let Me Think About It de Ida Corr tocava na pista agitada... Uma batida que fazia o coração bater no ritmo.
Com as garrafas em mãos, se dirigiram ao meio da pista... estava quente... estavam suando... mas o som estava bom.
A luz que cegava junto com o laser que deixava os movimentos de todos como em câmera lenta, empolgavam todos ainda mais...
Algustus como já havia perdido o porre, resolveu olha em volta o ambiente...
Logo atrás, um homem sem camisa com um penteado moicano dançava... Achou irreverente, no mínimo diferente... Só até quando contou uns 5 dançarinos ao todo na boate. Havia um palco, e também homens e mulheres se beijando. Homens sem camisa mostrando seu enormes corpos... Era uma boate gay.
Por um momento perdeu o ritmo da música em seus pés. Noutro, sentiu-se excitado, por fazer algo que... pode ser considerado proibido... Louis o observava com um sorriso no rosto.
-Então você descobriu?
-Que isso é uma boate gay... acho que sim...
-(risos)Essa boate é uma das melhores do país... terceira no ranking, pelos deejays que se apresentam aqui e pelas músicas... Fica tranquilo, você tá comigo...
-Taabom.
Electric Junkies e um esbarrão do cara de olhos azuis em Algustus...
passou o encarando junto com um sorriso...
Algustus riu e Louis bufou de raiva.
-O que foi? Isso é engraçado pra mim... quer dizer, acabei de ser assediado com os olhos...
-Não gostei do jeito que ele te olhou.
-E lá vamos nós!( Marrice para Claude)
-Calma, ele só me olhou, ciumes?
Algustus nem se dava conta do poder das palavras que dizia...
-Vem Louis, vem dançar comigo... essa música é muito legal...
Micromania... a batida pedia um balanço em cima e em baixo... fora a letra que é extremamente pornográfica...
O cabelo de Louis era um pouco grande, o suor já o estava deixando húmido...
Watch Out os embalaram até altas horas da madrugada...
O calor e o cansaço de uma madrugada dançante sem paradas o fizeram sair as 5 e pouco da madrugada...
Algustus se assustou ao ver a hora, Louis e os outros logo se preocuparam se ele teria horário para chegar, mas ele só havia se espantado com a rapidez... estava tudo tão legal...
-E então Algustus, Louis disse que você já veio aqui...
-Eu? como assim?
Louis ficou sem graça, mas isso foi depois do beliscão em Marrice.
-Desculpas Algustus, é que eles queriam uma certeza de que o lugar não seria como se diz aqui, uma "roubada"... eu já havia pesquisado e tinha certeza que seria bom...
-Na próxima vez me avise antes...
Louis olhou para baixo com vergonha, mas levou um beliscão de Algustus e tudo ficou bem novamente...
Ainda com uns cigarros, tomaram um táxi e se arriscaram em uma aventura as cinco e meia da manhã...
Foram até a frente da cidade que era banhada pelo mar e assistiram ao nascer do sol...
A brisa gelada com um ponto de luz no horizonte parecia pedir um abraço ou qualquer demonstração de carinho próxima naquele momento. Pedia pele com pele, boca com boca...
Marrice e Claude se distanciaram para lavar os pés no mar...
-O bom de viajar é a incerteza...
-Porque diz isso?
-Ah, quem poderia me dizer que em outro país poderia encontrar pessoa tão legal quanto você...
Quer dizer, você é totalmente imprevisível, indecifrável... e eu, extremamente curioso e persistente... Acho que encontrei um parceiro...
Algustus riu contente...
-Eu não tenho um amigo, como constumam dizer, um " melhor amigo"... sempre fui solitário, o que eu sei e o que eu sou, aprendi só...
-Que triste Algustus, mas eu estou aqui...
-Que bom ...
-E posso te ensinar algo? Para que não mais se esqueça de mim?
-Tah...
-É uma atitude parisiense... um costume...
-Tah me deixando com medo...
Então Louis pegou Algustus pelos rosto, o aproximou e beijou a sua testa...
-Na minha família, beijamos os entes queridos na testa, para demonstrar que o queremos sempre por perto e bem... por isso, sempre que passarmos um tempo sem nos vermos, e quando nos revermos, beijarei tua testa como prova de que te quero sempre bem e perto de mim.
Aquilo o emocionou... anestesiado nem sei se é o termo exato para oque ele sentia. O sol iluminava um sorriso talvez nunca dado por Algustus... O brilho em seus olhos cor de mel( pela luz os castanhos viraram mel) olhavam Louis com um carinho bastante especial, até que se destraiu com um casal de senhores que estavam passando pela orla praticando corrida.
-Bem, é hora de irmos... mas nos veremos pela tarde, lembra... quero conhecer o teu lugar predileto...
-Claro, quando eu acordar eu ligarei para você.
-Não, eu ligarei.
Sorrisos trocados, um táxi tomado... a brisa ainda era gelada quando rumo a casa de Algustus, falavam e riam sobre a noite passada.
Dessa vez, Algustus fora mais rápido e conseguiu pagar a sua parte da corrida que por ser tarde, era bandeira dois. Despediu-se de Marrice e Claude. Louis desceu do carro e o abraçou.
-Até mais tarde?
-Até!
O carro se afastava e Algustus já não sabia mais o que pensar... Em frente ao espelho percebera o sorriso bobo que carregava em sua face. Porque? A sensação de ter uma pessoa próxima, a presença e o fato de pensar em Louis o fazia querer contar os seus segredos mais íntimos... uma sensação de confiança extrema...
-Acho que ganhei um melhor amigo.