domingo, 30 de dezembro de 2007

Rew...


Olho no calendário e dificilmente acredito que um ano se passou. Jogando para a casa dos dias, foram trezentos e poucos multiplicados por horas em que eu fiz várias ações( e que sofri várias também). Se passou tão rápido nos momentos bons, e como eu pedi para que logo terminassem nas agonias.(penso que conforme a idade, a impressão é de rapidez... quando chegar o dia em que tiver a sensação de ter piscado e um ano inteiro ter se passado, minha hora certamente estará por vir).
Não posso reclamar desse ano, como diz a personificação da minha criatividade, ele foi intenso. Mas aquela tal reavaliação que eu faço de tempos em tempos diz que eu não fui um cara muito legal. Talvez nesse ano tenha superado o recorde de desculpas(de minha pessoa a...), de pedidos de desculpas(de alguma pessoa a mim), e o arrebatador número de arrependimentos por não ter feito, ou lamentações por ter feito. Se sabe que nada é do jeito que se deseja, mas com esforço, pode-se melhorar ou no entanto não fazer muita burrada. Mas no fundo sempre sinto como se nunca acertasse. Se me pediram conselho, sempre achava que não disse o suficiente. Pode ter sido isso mesmo ou talvez seja só eu não querendo acreditar nas palavras daquela pessoa que um dia me disse que eu me cobrava demais e que essa era a única coisa que eu deixava a desejar.
Não é possível voltar atrás, e ta tarde pra correr também , nisso, vou prestando atenção onde piso (assuntos mais pendentes), e assim vou seguindo.
Quem me dera se a resposta da felicidade estivesse em uma simpatia, ou em uma superstição.
Ou se fosse um simples brinquedo de papel possível de se ganhar de presente de natal.
Acontece que faz tempo que eu pedi, mas o meu papai noel não veio.
Deve ter morrido ou então felicidade é brinquedo que não tem.
Ouvia isso quando era criança, e adulto, virei a sua tradução viva.
A minha mania de deixar tudo para em cima da hora me fez escrever aqui as agonias que sinto. Poderia ter feito isso em outra hora, mas a sensação de esperança de possivelmente terminar o ano com um beijo que mudasse tudo o que aconteceu do pólo negativo para o positivo ainda me anima. E tenho certeza que sempre me animarão. Mas o dia 31 passa para o dia 1 como um domingo para uma segunda-feira.
Como já disse, não posso reclamar. Senti saudades, tive meu coração partido e colado várias vezes, fui alimentado por falsas esperanças mas no fim o mais importante, ri muito.
Por mais seco que eu possa ter aprendido a ser, ainda espero esse tal beijo que me faça levantar a perna esquerda para "entrar" no ano novo com o pé direito.
experimentei isso e não surto tanta diferença.
Enfim, entrando na contagiante euforia quase mundial por completo, penúltimo dia do ano.
Evito de fazer promessas porque não gosto de dever nada pra ninguém.
Mas caroço de romã e roupa branca(com detalhes metalizados) ta valendo.

A foto é do meu xará do RJ na versão surfista(e mini também)

Whatever, feliz ano novo para os que acreditam.
Para os do "contra", o mesmo HuG de sempre.

sábado, 22 de dezembro de 2007

VI

-Alô?
Depois da terceira ligação não atendida.
-Bom dia!
-É possível tê-lo antes de cinco horas de sono, sem contar com o fator cansaço...
(Augustus sabia quem ligava).
-Desculpas mas por pouco o reitor não nos manda para Paris, ele nos viu acordados e tivemos de dizer que estávamos de saída... então resolvemos ir para a praia. Vamos?
-Louis, eu não sou acostumado a esse ritmo de vida, sabe, agitado com pouco tempo de recuperação e muita disposição, estou cansado...
-Vamos... você poderá dormir quantas vezes quiser, e eu também, mas ter a companhia de pessoas de uma importância extrema, não terei tão cedo.
-Olha, a tua amizade está sendo de uma utilidade tremenda, vou me descobrindo, e a prova disso é que fiquei sabendo que chantagem psicológica antes das tais cinco horas de sono me convencem.
-Sou só sorrisos...
-Hum, sei que isso não foi um esforço.
Então as onze e pouco da manhã, os quatro se encontraram na mesma praça da noite passada.
De bermudas e chinelos, olharam o mesmo lugar. A luz era mais forte. O verão se fazia presente. Encontraram um lugar e sentaram-se a admirar a imensidão do mar. A maresia embaçava os óculos escuros de todos e era necessário limpá-lo de tempos em tempos. Augustus começara a desconfiar; ou era combinação, ou Claude e Maurice eram muito ligados, pois ambos os deixavam sozinhos até se fosse para comprar qualquer coisa.
Aproveitando a ocasião, Augustus e Louis trocavam idéias. A então citada “melhor amizade” na madrugada passada permitia que confidências viessem a tona, e Augustus se viu tendo alguém íntimo o bastante para se ter uma confiança. Segurança era o que definia o tom da voz de Louis.
A máquina fotográfica marcava momentos para toda a vida. Sorrisos, poses, mas as desprevenidas eram com certeza as melhores. Nessas, Louis tomou a câmera.
-Posso fazer uma coisa?
-Hum, que nem a de ontem a noite?

Ficara envergonhado, Louis.
-Pára, desde quando és tímido? Já disse que confio em você...
Num curto espaço de tempo após o fim da frase, de pé, Louis abraçou Augustus... Um abraço de urso, daqueles que faz com que a pessoa abraçada ponha a cabeça sobre quem inicia a ação. Estendeu a mão e fotografou o momento.
Uma overdose de hormônios fizera Augustus fechar os olhos... Ambos estavam sem camisa. Era pele com pele. Ainda não havia tido contato assim. A pele de Louis era macia, coberta de uma pelagem branca e fina, como uma penugem. O cheiro não precisa ser dito que era de um perfume francês, era bom, era amadeirado, fazendo com que Augustus cada vez mais se desse razão de que o que havia nos olhos de Louis eram mesmo crisântemos cor de mel. Não sabia mais o que pensar, então não pensara mais em nada. Mas como? A brisa o arrepiava e ele pedia que um só segundo por um único só momento virassem uma eternidade. Louis ao fotografá-los, não olhou para a câmera, mas encostou o rosto no de Augustus também. Fora um segundo de êxtase. Um segundo em que as suas dúvidas se multiplicaram por um milhão. Mas então ele se deu conta de que era bom ter dúvidas, estimulava decisões, e era um sinal de que estava enfrentando a vida em si. Era a primeira vez que se sentia vivo. A primeira vez que não sabia o que iria acontecer. Totalmente fora da rotina, o então segundo os separaram com Louis o olhando com um sorriso.
-Essa aqui é um presente meu para você, e de você para mim. O primeiro por eu ter tido a idéia, e o segundo por você ter permitido.
O cansaço já havia sido esquecido nessas horas. Maurice e Claude caminhavam pela praia sem camisa enquanto Augustus sentado sobre uma toalha admirava Louis que vestia a malha de surf. A cada segundo ele aproveitava para dar um sorriso a Augustus. Fora sozinho para o mar e depois de um tempo, já havia feito amizade com 3 outros surfistas. Apontava do longe para Augustus, de modo para mostrar com quem ele estava... era incrível, em nenhum momento Augustus era esquecido. Aquilo alimentava ainda mais as engenhocas em sua cabeça. Poderia mesmo existir pessoa tão sociável assim... Se era o sorriso ele não sabia, mas Louis era cativante. Será amizade ou seria uma atração... Será mesmo? Não via nenhum problema nisso, na verdade a sua estranheza era por não saber ao certo o que era, e ele não teria coragem de perguntar com medo de afugentar Louis. Preferia a eterna dúvida do que possivelmente perder aquela amizade ou só contrariá-lo.
Ainda se tinha uma “meia tarde” mas por terem saído e ainda não terem descansado, os quatro resolveram ir embora. O mesmo esquema fora feito, primeiro Augustus fora deixado, nessa, convidou os três para descansarem em sua casa, assistir a filmes; Claude e Maurice disseram que teriam de ir pois estavam muito cansados, Louis só o olhava com aqueles olhos grandes e vermelhos pelo sal do mar, o olhava com uma expressão de esforço para tentar criar uma conexão telepática para que somente Augustus soubesse a enorme vontade que ele estava. Os olhos pidões foram substituídos por um enorme sorriso quando Augustus...
-Você Louis, fica, por favor, não quero ficar só esta tarde.
-Fico sim.
Sem tentar demonstrar a enorme alegria, se despediu dos amigos que rumaram o distante até sumirem de vez a vista. O domingo era quente mas calmo e tranqüilo. Mesmo com o costume que se tem de descansar nesse dia, a maioria dos vizinhos de Augustus haviam viajado, por isso o silêncio parecia fazer barulho de tão evidente que era.

O convidou para entrar, ainda tímido, mas se esforçava para ser um anfitrião ao quanto Louis merecia. Subiram juntos para o seu quarto. Louis sentou a beira da cama enquanto Augustus pegava uma toalha e uma roupa seca para que depois de tirar o sal do corpo, pudesse vestir.
-Te espero lá em baixo.
-Sim.
Depois de um minuto, o som do chuveiro o provocou sorrisos. Um certo contentamento por não está só e também excitação ao pensar em Louis nu. Mas o último logo passou.
Na cozinha, ao pegar o sorvete , Augustus pensava, digamos que na essência de tudo, a sua permissão com Louis. Quer dizer, se ele não fosse tão simpático, isso não estaria acontecendo. E o que o surpreendia era essa tal permissão, esse desembaraço que ele não sabia de onde estava vindo. Aquilo persistia em sua mente, até que olhara para o lado e vira Louis o olhando encostado na porta.
-Você me assustou...
-Me desculpe. Ah, você se importa que eu fique de toalhas? Estou com as costas queimadas por isso com calor...
-Imagina, vou ligar o termostato e por no máximo, quer dizer, no mínimo.
-Não se incomode comigo, Augustus, não estou aqui para lhe dar trabalho.
-Vou pressionar e girar um botão creio que não vá perder meia caloria por isso... leva o sorvete pra sala que eu já to indo...
Augustus pensava de onde eu tirei isso??
Na sala, se surpreendeu ao ver Louis tomar sorvete, como uma criança, se lambuzava todo. Era de provocar risos.
-Você não me esperou??
-Oh, me desculpe, pardón, je sui...
-Calma, eu tava brincando com você... tah tudo bem. Eu tenho de medir as minhas palavras com você, as vezes me esqueço que você é estrangeiro. Desculpas.
-Não peça...
O fim de tarde passava, e eles tomando sorvete e assistindo a uma bateria de desenhos animados onde provocavam risos e pediam olhares entre os dois. O anoitecer e o diminuir da temperatura fizera Luis pedir para Augustus que deitasse de bruços em seu colo, pois a pele estava ardendo, então se ofereceu para passar um pouco de hidratante, que foi aceito por Louis na mesma hora. A pele era macia então Augustus imaginava o quanto o sol a maltratou, fazia cara feia ao pensar na possível dor e tentava ser o mais delicado possível. Augustus não estava em uma posição confortável, ao contrário de Louis que com o cair da noite, seus olhos pesaram e ele dormiu no colo de Augustus. Não sabia o que fazer, se o acordava pois desconhecia se ele teria um horário a cumprir, ou se ficava com as dores nas costas, porém tendo Louis da forma mais inocente possível para um ser humano adulto; adormecido.
Optou pelo mais inteligente; velava o seu sono como se ele o pertencesse. Com medo de que o perdesse. Velou o seu sono por mais de uma hora, até que Louis quis trocar de posição e acordou. Se deu conta de que estava no colo de Augustus e pediu desculpas. Augustus sorriu para ele e disse que foi um prazer. Aproveitou e perguntou se ele teria horário para voltar e se acalmou ao descobrir que não. Louis perguntara se ele se ocuparia mais tarde ou se ele teria de ir embora, pois não queria incomodar, Augustus repetiu de que ficaria só em casa por mais de um mês, então...
-Posso descansar um pouco na sua cama, estou muito cansado.
-Claro que pode, no meu quarto, você já sabe onde é?
-Não muito bem...
-Eu guio você...
Ao subir as escadas, Louis estava cambaleante de cansaço e sono, então Augustus passou o seu braço em volta de seu pescoço para ajudá-lo. Ao entrar no quarto, Louis tomou o braço de Augustus e segurou a sua mão agradecendo não só por ele estar sendo maravilhoso com ele, mas principalmente por ele ter aparecido na sua vida.
Ficara sem graça, e tentara dar uma resposta, até que Louis o interrompeu.
-Dorme comigo, o hidratante me resfriou e quero muito a sua companhia, por favor, só durma comigo...
A resposta veio com o sacudir da cabeça para cima e para baixo. Louis o tomou pela mão e com a outra, Augustus desligava as luzes. A penumbra vinha da lua, que estava em sua melhor fase, que espiava os dois pela janela de vidro. Louis deitou a cabeça no peito de Augustus e o envolto com um braço. A respiração ofegante logo se acalmou, e o silêncio daquela inocência embalou o sono de Augustus.