Depois de realmente ter uma vasta lista de livros e de filmes e ter certa idade, o ser humano ainda comete o erro simples de acreditar que vá dá conta da situação sentimental.
Nem paulos coelhos e nem mães dinás poderão dar soluções porque não há. Não que eu tenha lido e não que eu tenha algo contra quem lê, mas eu tenho aversão à leitura de auto-ajuda.
Acredito que o sentimento mais desleal que descende da empolgação do início seja o de criar expectativas a seu favor. Primeiro por não contar com o fator de que a outra pessoa está fazendo a mesma coisa (falando de relação) e sempre, inevitavelmente as vontades nunca serão as mesmas.
É complicado ceder assim, tão facilmente, tão tecnicamente a rigor as normais e leis de como namorar, risos, mas é difícil você não se balançar pelo sorriso de moleque, ou pelo olhar de menino.
Também acredito no fator de que o meio sempre de alguma forma estará contra. Alguns preferem chamar isso de azar ou de má sorte (nunca entendi o ‘má sorte’, enfim), mas, o que não paramos para entender é que somos todos animais buscando a sobrevivência e que a seleção é natural, conseqüentemente os mais fortes vivem mais.
Quem sabe namorar que, por favor, fique calado com o seu. Essa é a verdade. Temos outro vício pecaminoso de querer sempre levar em consideração a maioria. Um dia assistindo a um programa de entrevistas, uma atriz a qual não lembrarei o nome agora soltou a seguinte frase em reivindicação à cena do teatro nacional “toda maioria é burra”. E é.
Acabei descobrindo (ou aprendendo, anyway) de que relacionamento é a arte de se conviver com outra pessoa completamente diferente de você; desde ao nome, ao jeito, ao gênio, aos gostos... Aí é que está a graça. Por isso vejo como uma característica natural de quem realmente se interessa em se ter um relacionamento verdadeiro seja a não-necessidade de se impor à sociedade, ou seja, não há motivos inteligentes para que se aproveite do tal status para se vangloriar de algo ou magoar outros. Relacionamento que é relacionamento fica entre dois seres e quatro paredes.
Não fazer questão, não dar importância a anunciação desta mudança de status é para mim uma característica do interesse, da real vontade de ser um casal, e não ser o fulano que agora está namorando. Novamente.
Sou fã da causa-surpresa.
Ainda mais quando não sobra espaço para que as outras pessoas possam interpretar ou alterar da maneira delas a história principalmente e quase que unicamente para seus interesses. Fatos.
Vale andar de mãos dadas, vale apresentar aos amigos como o ‘maridão’ mesmo ainda não estando namorando? Sim. Vale ter ciúme controlado se te olham, vale dizer que já está com saudade? Também. Ninguém pode discordar de como é gostoso um início. Na verdade como é gostoso você saber lidar com isso sabendo descobrir a outra pessoa e deixando pistas para que ela faça o mesmo. Cautelosamente. Sem pressa nenhuma.
Se a maioria soubesse o quanto é bom saborear o gosto de um olhar, pelo menos em relação a namoro, essa maioria não seria burra.
E tenho agora a quem declarar minhas singelas sinestesias.
HuG
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