domingo, 24 de fevereiro de 2008

Carente profissional

Acabou de se completar vinte horas sem dormir.
A consciência pesa mais que os meus olhos vermelhos. A situação pede que eu fique acordado pensando. Pensando se sou mesmo de um mal caráter; pensando como vai ser de agora em diante.
Sou uma daquelas pessoas estranhas, daquelas que acredita no amor e que por isso, torna-me sensível demais. Eu realmente choro em comerciais de sabão em pó.
Passei a madrugada ouvindo música, roendo unhas e chupando gelo. Os três não adiantaram, pois a fome não passou, as unhas acabaram mais rápido que pude imaginar e pensar... pensar estou pensando até agora.
Um dos meus maiores defeitos, talvez seja o maior, é a fragilidade. Estava a comentar isso com um amigo noite passada, que aliás, se não fosse por ele ter me levado a uma noite de 'descontração' a essas horas estaria dopado de remédios.
A minha situação já não era das mais estáveis, agora, digamos que a sensação foi de um buraco surgido. Imaginem uma tecelagem de fios coloridos. Cada fio de uma cor, seguindo uma harmonia de escalas em degrade. De repente um desses fios é tirado do tecido e percebe-se a falta dele. Então você olha a tecelagem nas mãos e tenta enxergar se alguém ainda vai se interessar pelo tecido, se a harmonia não foi perdida. Claro que você tem convicção de que esse fio perdido só foi notado pelo artista que a fez. Mas como o criador é exigente com suas obras e consigo mesmo...
O meu maior medo é de ficar vulnerável. Vulnerável a convites e propostas.
Vulnerável ao ponto de ser levado; e então sabe-se lá como irei voltar.
Com certeza machucado.
Mas se é pra ser assim, que seja.
Ao menos saberei que estarei fazendo o bem me afastando de alguém.
Melhor que a minha presença que só lhe trazia dor.
Vou tentar rumar pra frente sem olhar pra trás.

E nada do sono vir.

HuG

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

O Ministério da Saúde(emocional) adiverte: ''sentimentos processados como em sachês, podem causar danos cardiovasculares''.

Penso ter entendido a expressão 'de momento'. Vou ser mais claro, são três da manhã e apesar do sono, eu não quero deitar, quer dizer, o cachorro do meu vizinho(quis ser mesmo sarcástico, mas me refiro ao animal no sentido principal) não pára de latir. E apesar d'eu amar cães, tanto é que já tenho o nome do meu futuro cão há 4 anos, se tivesse uma arma agora, mataria o cachorro do meu vizinho.
Risos.
Acontece que eu me decepcionei.
Me decepcionei com uma pessoa muito próxima, sabedora de tantos segredos e confissões... eu me decepcionei. Erro?? Me apaixonei instantâneamente.
Me apaixonei por um sorriso, me deixei levar por palavras e magoei-me por promessas... promessas que me fizeram e promessas que fiz a mim mesmo.
Eu já deveria ter na cabeça que no final, no final de tudo que aconteça em minha vida, sempre quem/o que vai sobrar sou eu. E que por isso devo digamos 'me ouvir mais'. Mas acontece que o meu coração fala alto, fala com emoção, e descobri ha tempos que sou quase todo emoção.
Antes tinha certeza de que preferia a mentira doce.Até que aprendi que o gosto amargo da verdade é momentâneo, como xarope, e no fim das contas vai te fazer bem.
Hoje a verdade foi amarga. Pensava já ter provado, e na verdade já havia. Mas pensava lembrar daquele gosto... só não lembrava-me que era tão forte assim.
Me desculpem os leitores, mas não conseguiria expressar-me outro jeito...
Tá foda.
A situação está complicada.
Coração só está execultando função fisiológica e olhem lá...
Olhem lá.
Esta semana iniciei minha faculdade. Minha primeira faculdade. Pensei que acabaria sendo uma ação desastrosa, pois do jeito que a minha sorte anda(perdida de mim), mas ao segundo dia já me senti a vontade junto de amigos antigos. Me deixaram confortável.
Mas ai tu se pega olhando o nada...
O nada que é o grande problema. Sabem porque?? Porque só o nada pode virar tudo.
Não não, não estou bêbado e nem nada parecido, mas se vocês prestarem atenção, por exemplo, uma bola não pode virar um carro.
Não.
Mas o nada pode virar qualquer coisa, ou seja, tudo. E maior ainda é o que te faz importante no momento, no meu caso...
Então entende-se que eu passei o dia pensando por devidamente olhar a porra do nada.
Na verdade fazendo a minha tradicional reavaliação de conceitos.
Vocês já conhecem.
Pensei bastante. E vi que o que me atraiu, o que me deixou balançado, valhe tanto quanto a minha estabilidade emocional?
Vale tanto quanto a minha certeza, a minha felicidade??
A minha segurança??
Vi que não. Não vale.

Agora é passar mais um dia tentando convencer o resto de mim a acreditar e a praticar isso de vez.

HuG

sábado, 9 de fevereiro de 2008

150mg


Me sinto tonto.
me sinto num porre descomunal. Um porre que não passa...
Bebi uma cachaça chamada 'dezoito/dezenove anos'.
Tudo parece não fazer sentido ao redor. As vezes penso ter, dai vejo que falta... que eu devo.
Ou que não ha chances alguma de vir a ter seja lá o que for.
Aquela vontade de...
de...
Vazio.
Será que só um segurar de mãos bastaria??
Sinceramente não sei a resposta porque não tenho isso no momento.
Porque essa lei da física de ' quanto menos se espera, acontece, e quanto mais se pede, menos vem/tem' é mais certa que a própria lei da gravidade.
Sério, ou vocês não sabiam que os monges indianos podem voar??
Eu sabia.
E eu já quis voar.
Nunca pensei que um rumor ruim fosse estragar o meu luar.
Tô me sentindo preso e ao mesmo tempo só. E isso não está me fazendo bem.
Olho no espelho e me desespero de vez.
Cadê a minha melhor amiga?
Ora não me venham com sermões.
-vai passar.
Então porque nãao passa logo??
-Calma.
Me dá 150mlg de dramim.
Dai minha respiração cessou.
Desacelerou. Pensava no que me fazia suar antes e nada acontecia.
Só não sorria porque não era Prozac.
Mas aquela sensação boa de tocar o nada, ou de olhar tudo em volta e ver o quanto a vida torna-se mais fácil depois de durmir.
Como se o sono fosse um orgasmo de horas, e quando você acordar, se sentirá mais leve, mais desposto. Mais corajoso para enfrentar seja lá oque seja e, porque não, mais feliz.
Calor não faz mais calor.
Suor escorre pelas costas, mas deixa; é bom porque parece uma carícia feita por aguém.
Deixa eu imaginar.
Deixa eu criar minha realidade.
Deixa eu invertar e brincar de ser normal, de ser que nem as pessoas felizes.
Dai eu fecho os olhos e vejo tudo pintado nas telas do surrealismo.
Vejo também minhas vontades serem realizadas e também olha que legal...
Vejo-me sorrindo.
Vejo-me surpreendentemente feliz.
Vejo-me satisfeito.
E o último sim é um sonho.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

VIII

Assustado, acorda com o barulho do telefone, e para a sua surpresa, Cassandra quem fala do outro lado da linha.
Se ao menos tivesse passado mais tempo com o filho, desconfiaria de seu comportamento pacífico, digo, apenas concordava quando tinha de concordar e negava quando necessário. A ligação não deve ter durado mais do que 5 minutos, e digamos que 4 minutos foram perguntando sobre a casa e se a secretária estava cumprindo com os deveres, e o restante do tempo foi... nem lembro. Sua cabeça estava longe o bastante para ignorar Cassandra. Não queria comprar discussão com ninguém, já não bastava a confusão interna. Ligava para o que havia dito a Louis. Desligou o telefone despedindo-se com um simples tchau.
Já passava das dez da manhã e resolveu ligar para seu amigo. O número tinha mais de dez digitos, lembrando que era um número em roaming. Ligou de sua casa, e no quinto chamar Louis atendeu.
O ‘alô’ foi substituído por um pedido de desculpas. Augustus não podia e não conseguia parar de falar, e por último pediu para vê-lo.
O combinado foi dentro de uma hora em sua casa mesmo. Ainda com a toalha enrolada, olhava no espelho seus cabelos molhados. Olhava bem o reflexo de seus olhos e se perguntara o que havia acontecido. Começava a pensar em Louis e viu que um sorriso surgia como que uma reação ligada a lembrança sobre Louis. Acho que nesse momento se deu conta do que estava acontecendo.
Com uma roupa de casa mesmo, atendeu a porta. Caprichara no cheiro, afinal, não queria demonstrar falta de interesse. A caminho da porta sabia que era Louis pois já haviam ligado da portaria do condomínio para avisar, e no abrir de porta, Louis com um jeans justo e uma camisa branca o fizeram tremer as pernas. Era a primeira vez que os dois se viam e ambos queriam o mesmo. Um ao outro. De alguma forma, a expressão triste de Louis fizera tudo perder graça em sua volta, dando destaque somente a ele. Uma mecha de cabelo loiro voou em cima de seu olho direito quando virou o rosto para olhar Augustus. Olhara nos olhos. Aquela cena com certeza se eternizaria.
Convidara para entrar, mas ao primeiro passo de Louis dentro da casa, tomou Augustus pelo braço e num beijo o deixou calado. A porta ainda aberta. Penso que era cedo, e ninguém viu.
Depois daquele beijo finalmente disse uma palavra.
-Eu só ficarei se você me quiser, não como um simples amigo. Eu o quero, Augustus.
-Eu também quero você.
Disse aquilo e mesmo confuso, sabia desta vez de onde partiam aquelas palavras... do coração.
Louis deu-lhe um abraço e disse que pensara muito em Augustus e que nada neste país teria mais graça ou interesse para ele se não pudesse o ter. Dito essas palavras, olhou nos olhos de crisântemos e o beijou mais uma vez.
O convidou para o sofá, o convite era tentador, mas Louis queria passear na companhia de Augustus. Claro, isso foi dito logo depois do elogio ao perfume de Augustus. Dissera que iria se trocar, e subiu as escadas. Antes, levara um cheiro no pescoço. Subiu rindo pelas cócegas.
Para um passeio a dois. Não um simples passeio, era um passeio a dois. Pediu um jeans cinza, um converse print e uma blusa que deixava aparecendo o elástico da cueca. Pegou o celular e o player portátil e foi ao encontro de Louis na sala. Descendo as escadas, viu que Louis o esperava no fim da mesma, achou aquilo estranho, e mais ainda quando ele pegou a sua mão, como um devido cavalheiro. O beijou e saíram para a cidade. Para o mundo.
Como em uma normalidade fluorescente, tomaram o rumo do shopping. Louis fizera o fato de olhar todas aquelas lojas, uma ação muito interessante. Riam com piadas, e como não podiam se beijar, Louis disse que a cada vontade, lhe daria um sinal. Augustus ria pelos beliscões que levava. Augustus o ensinava o português chulo, e Louis alguns termos em francês, para se comunicarem no meio de muitas pessoas. Tinham todo o cuidado de falarem devagar para que o entendimento fosse recíproco, e tudo isso olhando nos olhos, profundamente. Trocavam sorrisos e beliscões.
No fim da tarde, Augustus o convidou para conhecer o seu lugar predileto. O sol não estava forte, pelo contrário, fazia um fim de tarde rosa, com o céu em um degrade laranja-fogo. Convidou para um passeio de ônibus, pois conhecia um que não saia lotado a essa hora. Era um city-tour com a melhor companhia do mundo, disse Louis o beliscando.
A parada de ônibus ficava em uma praça de um extenso gramado verde. Não tinha muitas pessoas, parecia que o dia se fizera com harmonia para os dois. Apesar de ter vindo de um lugar onde são muitas as belezas, ficara abobalhado com o reflexo daquele sol laranja sob o lago que ficava aos pés do grande ipê-amarelo que Augustus conhecia muito bem. Olhava o distante sorrindo, então Augustus ligou o ipod e colocou em uma certa música. Disse ao pé do ouvido de Louis um sussurro que nem eu mesmo pude ouvir e colocou os fones para que só ele ouvisse a música. Ele então sentou-se aos pés da árvore e puxou Augustus para si. Abraçados, ouvia Something about us e segurava forte Augustus como se não quisesse mais deixá-lo. E não queria. Encostou sua cabeça no peito de Louis e assistiram por meia hora o sol se pôr.