sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

VIII

Assustado, acorda com o barulho do telefone, e para a sua surpresa, Cassandra quem fala do outro lado da linha.
Se ao menos tivesse passado mais tempo com o filho, desconfiaria de seu comportamento pacífico, digo, apenas concordava quando tinha de concordar e negava quando necessário. A ligação não deve ter durado mais do que 5 minutos, e digamos que 4 minutos foram perguntando sobre a casa e se a secretária estava cumprindo com os deveres, e o restante do tempo foi... nem lembro. Sua cabeça estava longe o bastante para ignorar Cassandra. Não queria comprar discussão com ninguém, já não bastava a confusão interna. Ligava para o que havia dito a Louis. Desligou o telefone despedindo-se com um simples tchau.
Já passava das dez da manhã e resolveu ligar para seu amigo. O número tinha mais de dez digitos, lembrando que era um número em roaming. Ligou de sua casa, e no quinto chamar Louis atendeu.
O ‘alô’ foi substituído por um pedido de desculpas. Augustus não podia e não conseguia parar de falar, e por último pediu para vê-lo.
O combinado foi dentro de uma hora em sua casa mesmo. Ainda com a toalha enrolada, olhava no espelho seus cabelos molhados. Olhava bem o reflexo de seus olhos e se perguntara o que havia acontecido. Começava a pensar em Louis e viu que um sorriso surgia como que uma reação ligada a lembrança sobre Louis. Acho que nesse momento se deu conta do que estava acontecendo.
Com uma roupa de casa mesmo, atendeu a porta. Caprichara no cheiro, afinal, não queria demonstrar falta de interesse. A caminho da porta sabia que era Louis pois já haviam ligado da portaria do condomínio para avisar, e no abrir de porta, Louis com um jeans justo e uma camisa branca o fizeram tremer as pernas. Era a primeira vez que os dois se viam e ambos queriam o mesmo. Um ao outro. De alguma forma, a expressão triste de Louis fizera tudo perder graça em sua volta, dando destaque somente a ele. Uma mecha de cabelo loiro voou em cima de seu olho direito quando virou o rosto para olhar Augustus. Olhara nos olhos. Aquela cena com certeza se eternizaria.
Convidara para entrar, mas ao primeiro passo de Louis dentro da casa, tomou Augustus pelo braço e num beijo o deixou calado. A porta ainda aberta. Penso que era cedo, e ninguém viu.
Depois daquele beijo finalmente disse uma palavra.
-Eu só ficarei se você me quiser, não como um simples amigo. Eu o quero, Augustus.
-Eu também quero você.
Disse aquilo e mesmo confuso, sabia desta vez de onde partiam aquelas palavras... do coração.
Louis deu-lhe um abraço e disse que pensara muito em Augustus e que nada neste país teria mais graça ou interesse para ele se não pudesse o ter. Dito essas palavras, olhou nos olhos de crisântemos e o beijou mais uma vez.
O convidou para o sofá, o convite era tentador, mas Louis queria passear na companhia de Augustus. Claro, isso foi dito logo depois do elogio ao perfume de Augustus. Dissera que iria se trocar, e subiu as escadas. Antes, levara um cheiro no pescoço. Subiu rindo pelas cócegas.
Para um passeio a dois. Não um simples passeio, era um passeio a dois. Pediu um jeans cinza, um converse print e uma blusa que deixava aparecendo o elástico da cueca. Pegou o celular e o player portátil e foi ao encontro de Louis na sala. Descendo as escadas, viu que Louis o esperava no fim da mesma, achou aquilo estranho, e mais ainda quando ele pegou a sua mão, como um devido cavalheiro. O beijou e saíram para a cidade. Para o mundo.
Como em uma normalidade fluorescente, tomaram o rumo do shopping. Louis fizera o fato de olhar todas aquelas lojas, uma ação muito interessante. Riam com piadas, e como não podiam se beijar, Louis disse que a cada vontade, lhe daria um sinal. Augustus ria pelos beliscões que levava. Augustus o ensinava o português chulo, e Louis alguns termos em francês, para se comunicarem no meio de muitas pessoas. Tinham todo o cuidado de falarem devagar para que o entendimento fosse recíproco, e tudo isso olhando nos olhos, profundamente. Trocavam sorrisos e beliscões.
No fim da tarde, Augustus o convidou para conhecer o seu lugar predileto. O sol não estava forte, pelo contrário, fazia um fim de tarde rosa, com o céu em um degrade laranja-fogo. Convidou para um passeio de ônibus, pois conhecia um que não saia lotado a essa hora. Era um city-tour com a melhor companhia do mundo, disse Louis o beliscando.
A parada de ônibus ficava em uma praça de um extenso gramado verde. Não tinha muitas pessoas, parecia que o dia se fizera com harmonia para os dois. Apesar de ter vindo de um lugar onde são muitas as belezas, ficara abobalhado com o reflexo daquele sol laranja sob o lago que ficava aos pés do grande ipê-amarelo que Augustus conhecia muito bem. Olhava o distante sorrindo, então Augustus ligou o ipod e colocou em uma certa música. Disse ao pé do ouvido de Louis um sussurro que nem eu mesmo pude ouvir e colocou os fones para que só ele ouvisse a música. Ele então sentou-se aos pés da árvore e puxou Augustus para si. Abraçados, ouvia Something about us e segurava forte Augustus como se não quisesse mais deixá-lo. E não queria. Encostou sua cabeça no peito de Louis e assistiram por meia hora o sol se pôr.

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