
Logo depois de ter pedido ao motorista que acelerasse, começou a tocar essa música no rádio. Pedi pressa, pois ainda estava indo para casa para que no mínimo ficasse apresentável ao seu encontro.
É claro que você não sabe disso. Sei também que nunca saberá. Mas é que não mais me entrego fácil.
Eau de toilette e olhos gateados para que um sorriso ou um elogio viessem de você. Foi bem mais, porém, valeu mesmo a pena?
Envolvido nos beijos, olhares e abraços, me sentia satisfeito. Não só pelo teu corpo, mas a tua educação me deixava excitado. Minha empolgação, ou talvez a curiosidade em saber se seria você ou não que colocaria um basta no meu intervalo de um ano como solteiro, me fizeram sair de casa sem olhar dentro da carteira.
Peguei um ônibus errado e no fim acabei perdendo a noção das direções da grande cidade.
Não quis ligar para você para pedir ajuda. Preferiria passar a noite na rua do que mostrar para você que posso ser frágil.
Peguei carona com um amigo e prometi paga-lo na segunda-feira.
Cheguei em casa ecstasiado. Eufórico. Feliz.
Não tinha a menor noção de quantos beijos haviamos nos dado. Só que foram muitos.
Mas, como toda droga alucinógena, independente do tempo de duração, o efeito passa, e atravéz dos acontecimentos recentes, fui voltando a sobriedade. A sobriedade da dura vida.
Sem ligações, ou qualquer outro tipo de notícias, minhas mensagens não foram respondidas.
Resolvi não insisti. Você tem a sua vida e um rítmo próprio de leva-la que ainda desconheço.
4, 5, 6 dias depois se passaram e o único e perdido vestígio de você foi um recado em meu profile, dizendo que estavas em casa e que eu poderia mandar o meu telefone por scrap secreto para que pudessemos nos falar melhor.
Dar o meu telefone a você?
Como no livro do Mário Prata, só que em vez de ectoplasma, veneno escorria dos meus ouvido, olhos, boca, nariz e poros. Estava com ódio por pensar que por culpa da minha empolgação, havia me decepcionado mais e mais uma vez.
Sexo em qualquer esquina eu posso ter. Via em você bem mais do que teus lábios rubros e teus cabelos loiros. Já você, acredito que tinha a visão bloqueada pelos meus músculos e a sensatez ocupada com os orgasmos.
"Don't, don't you want me
You know I can't believe it when you say that you won't see me
Don't, don't you want me
You know I don't believe you when you say that you don't needme"
Também posso jogar o teu joguinho de sedução.
Posso, por trás dos meus sorrisos e atitudes tímidas preparar uma armadilha para você.
Posso fazer-te sentir por cima da situação. Mas, mesmo se eu estiver em baixo de você, pode ter total credibilidade na tua desconfiança, pois estarás envolvido em meu bote.
Eu sei ser perigoso.
Agora nesse momento, o que guardo de ti são vastas lembranças do cheiro da tua pele. Porém, as mesmas, cada vez mais se tornam póstumas quando vão perdendo lugar para meus novos planos de dominação.
Eu estou me preparando. E pode acreditar que daqui há uma semana, como no scrap que você deixou para mim, só que agora eu,
não vou mais lembrar de você.
HuG
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