Era calado, na sua; mas sentava-se no meio da sala. Nem muito atrás, nem muito na frente. No meio.Não era de tirar notas máximas, fato que deixava Cassandra pocessa, mas ele nem ligava, já tinha na cabeça a idéia de que aquilo no final serviria somente para ele, e ninguém mais. E para ele, era o bastante. Fábio e Diogo o conheciam há uns 4 anos. Costumavam jogar vídeo-game juntos, nas tardes em que Algustus não tinha treino(quando era mais novo, ele treinava pela tarde). Só nesse ano, talvez pelo fato de terem ingressado outros alunos no colégio, (ou por destino, para quem compartilha dessa idéia; respeito) Algustus ficou separado dos dois.
Diogo estava namorando, e Fábio arranjara outros amigos que compartilhavam dos mesmos gostos. Isso fez com que seus diálogos se resumissem a apenas os 30 minutos do intervalo das aulas. Algustos não demonstrava, talvez por saber (experiência própria) que na mesma facilidade que as coisas vêm, vão também, mas sentia falta dos dois. E ele via que Fábio e Diogo também sentiam isso. Percebia, quando via que por todos os dias, a campainha do término do intervalo atrapalhava, sempre, a conversa dos três. Percebia quando via que nenhum deles, nem mesmo ele, sabia como se despedir. Via isso nas cabeças baixas. Percebia o último por sua cabeça também estar baixa.
Ele poderia achar aquele fim de semestre monótono como todos os outros. Não imaginava de onde aquele cheiro cítrico, trazido pelo vento poderia vir. Só que era agradável.
Chegava as ferias, e junto o verão. Os alunos que haviam passado, foram dispensados mais cedo. Algustus fora direto para casa, a pedido de Cassandra através de uma ligação. Avisava-o de que teria de ir para a Suíça a trabalho, e que ficaria o mês todo fora. Algustus não se abalou, e Cassandra menos ainda. Ela conhecia o ego( ela conhecia por ego, mas chamo de mentalidade) dele, e sabia que não seriam influências que abalariam as responsabilidades dele. Tinha certeza de que tudo estaria no mesmo lugar quando retornasse.
Porém, vendo a sua reação, quer dizer, a sua não-reação pois após ela ter-lhe informado, ele sentara no sofá e perguntara se era tudo, ela lhe perguntou se ele faria questão de uma secretária para tomar conta das tarefas domésticas... Algustus a interrompeu e, por poucos segundos a deixou com um nó na garganta a fazendo ouvir que desde os 10 anos de idade ele sabia muito bem lavar seus próprios fundilhos, visto que Cassandra não adimitia que pessoas estranhas frequêntassem sua casa, não se importando com nada, a não ser ao seu próprio umbigo.
-Não se preocupe comigo.
Talvez Cassandra o visse como um fiel escudeiro, e não como um filho. Estudando em colégios particulares, tendo uma educação aprimorada por mestres e doutores. Tudo para dar continuidade no que ela havia começado. Como se ela ainda quisesse viver depois de morta. Ele pelo menos pensava assim.
Sentira que aquele nó não seria difícil de ser engolido, mas que incomodaria sua mãe, resolveu subir as escadas. Jogou a mochila no chão e tirava a blusa enquanto ouvia Cassandra tirar o carro da garagem. Ele a olhou afastando-se. Sem despedidas.
Por uns minutos ficou na janela de olhos fechados, sentindo um cheiro de laranjas trazido pelo vento. Até que os abriu, pelo barulho provocado pelo enorme caminhão de mudanças que estacionara do outro lado da rua. No mesmo condomínio de Algustus.
Cansara de ver tal cena, tirou as calças e deitou-se na cama.
Dormiu um sono diferente. Tivera sonhos excitantes. Sonhara com beijos, mordidas, mãos a deslizarem e costas por onde as suas deslizavam. Abrira os olhos vagarosamente, até ter terminado de dormitar. Viu que tudo estava escuro. Passou a mão pelo seu rosto, e viu que havia suado. Descendo-a pelo tórax e barriga, gotículas de suor se uniam e juntas ecorriam pelas costelas encharcando o colchão. Sentira também que estava excitado. Mordia os lábios pensando no sonho que tivera. Passara então as mãos pela barriga até o seu pênis ereto por baixo da cueca boxer. A sensação era diferente. Gostosa demais para terminar em uma simples e solitária ejaculação. Sexo solitário. Queria sentir um pouco mais o seu corpo que agora estava todo sensível ao simples passar de suas mãos.
Até que por um cair de consciência chato, lembrou de que era noite de uma sexta-feira:
-Puta merda, tô atrasado pra porra do treino.
Resolveu não tomar banho. Aproveitara o corpo quente para ir correndo.
Tirou a roupa e pôs o sungão, a touca e os óculos...
O primeiro mergulho provocara muitas bolhas, como se seu corpo estivesse realmente encadescente.
Ainda na piscina, pensava muito no sonho. Não se lembrava das formas, mas sim da sensação.
A pele era macia, e o cheiro, lembrava laranjas.
-LARANJAS, como hoje, o cheiro que eu senti.
Ele estava tão longe que havia esquecido que estava n'água. Logo se engasgou pois a última idéia não foi pensada, e sim dita.
-Quer saber, vou sair hoje!
Disse assim que se recuperara do susto, e viu que essa seria uma solução para a sua cabeça tão cheia.
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