Solidão era uma palavra que ele dizia não fazer parte do seu vocabulário.
Talvez coragem fosse o que lhe faltasse para adimitir que a sua sombra era a única que, no final de todos esses anos, perceverava.
Além de filho único, seus pais eram separados desde os primeiros anos de seu nascimento, e, digamos que a relação existêncial com a sua mãe fugia completamente do convencional amor, se resumindo em um afeto.
Uma preocupação que ela tinha de ter.
Poderia dizer que o fato que não a fizera largar a criança em um orfanato, foi o seu ego perfecconista, que o via como mais uns de seus problemas a serem resolvidos. Tinha conta de que esse seria um problema para o resto da vida, diferente de seus casos defensoriais no tribunal; e isso alimentava o seu vício cada vez mais.
Então prefiro resumir em afeto.
Augustus passara pela adolescência. Diga-se de passagem muito adulto para pouca idade. Aprendera a cozinhar aos 10 anos de idade, cansado de ter de engolir literalmente( sem degustar) comida congelada todos os dias.. Aprendera a andar pela cidade aos 8 anos. Sozinho. Tinha todos os motivos para se rebelar e por a culpa no tal lar corrompido.
Cabelos curtos, pele limpa e um belo sorriso que o mantinha oculto por maior parte do tempo.
Só abria mão dessa timidez em dois momentos. Quando nas noites pares da semana, passava 3 horas na piscina de um clube particular praticando; ou então quando ele punha os pés na rua e se atrevia a conhecer a cidade a pés... Não havia ninguém a espera-lo. Sentar a mesma sombra de um ipê-amarelo e sentir a então respiração ofegante agora cessar, lhe fazia fechar os olhos e mostrar um sorriso, singelo mas era um sorriso. Sentir o suor sendo enchugado pelo vento que soprava seu rosto, meio que lhe dava uma sensação de dever cumprido.
Poderia me perder naquela sombra, ele dizia, mas a mesma árvore o alertava do tempo pelos seus galhos nus, pelas suas folhagens verdes, ou então pelo florescer de seus botões amarelos. Lembrava-o de que o tempo passava por ele. Por nós. E ele sabia que a sua vida tinha um propósito. No segundo colegial, poderia ainda não ter se decidido para qual vestibular prestar, mas sabia muito bem, coberto pela sombra daquela árvore o que não queria ser e principalmente com quem não queria aparentar.
O nome Algustus foi dado pela sua mãe. Cassandra.
Um nome forte, ela pensou, que poderia dar-lhe um ego a altura do seu. Não maior, pois o seu próprio ego não permitia. Cassandra Montair era juíza, e criara um império tentando fazer juz a história mitológica de seu nome. Ela mesma quem criava as suas verdades. Mentia.
Carlos, Carlos Eduardo Silva. Era o nome do pai de Algustus. Desde o começo da relação com Carlos, Cassandra deixara claro que seu único objetivo com ele era de ter um filho. Carlos não entendia aquilo muito bem, e sempre que questionava sobre o depois, ela se calava.
Foi registrado somente com o sobrenome de sua mãe. Dizendo ela, esse foi o motivo pelo qual Carlos saíra de casa e nunca mais dara notícias.
Cassandra tirara a inoscência de Algustus aos 7 anos de idade o inchendo de verdades(verdades dela) como resposta as perguntas que toda criança faz na ausência de uma figura paterna.
Agora, aos 16 anos, com muitas idéias na cabeça, talvez escondesse por baixo de sua expressão séria, uma suposta curiosidade em saber o paradeiro de seu pai. Quando pensava no nome Carlos Eduardo, não o vinha a mente como uma lembrança, e sim, uma sensação de estranhesa, como se um vento frio soprasse o seu pescoço.
Via Cassandra(a chamava pelo nome, ordens dela) ao voltar dos treinos de natação nas noites pares.
Não conversavam, trocavam informações necessárias enquanto ele cozinhava, e ela bebia gyn com limão, sob a papelada da jurisdição.
Cassandra não fumava na presença de Algustus, mas isso não diminuíra o fedor de tabaco em seus cabelos loiros.
Esse é Algustus Montair.
Homenagem singela a minha criatividade, que carinhosamente a chamo de Anika.
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